terça-feira, 27 de novembro de 2012

Contar e ouvir histórias com a Sedova

Vários anos depois, diante da folha do Word em branco, o autor desse post haveria de recordar aquela tarde remota (era noite, mas para manter o foco na referência fica tarde mesmo) em que revelações foram rasgadas sobre a grama do CCHLA. Encontravam-se dispostos em posições de yoga num papo descontraído alguns integrantes do Centro Acadêmico de História da UFPB e alguns agregados. Muito mais do que revelações pessoais daqueles presentes, o centro do debate eram revelações sobre os não presentes, mas isso era o de menos. Também se deram revelações daqueles ali reunidos (na minha cabeça já eram até motivo de bombação no Orkut).

Lógico que não vou falar a pauta. Mas é a lembrança mais antiga que tenho de uma conversa mais íntima com a Sedova. De lá para cá estamos no nível “temo que alguém leia nossas conversas do inbox do Face”. Perainda, não vá pensar que só conversamos assuntos proibidos pela Igreja. Acredito que o relacionamento construído chegou num ponto no qual me sinto a vontade e enriquecido em poder conversar sobre tudo com ela. Ela é minha amiga, grande amiga minha. Eu já vivi na casa dela. Eu gosto dela, me dou muito bem com ela. Converso com ela sempre. É para quem corro para desopilar sobre política, relacionamentos – os mais diversos –, conversar sobre História, Cinema e para não me prolongar nesse depoimento de Orkut esperem um blog que tenha o teor das nossas conversas, sobre o que gostamos de conversar e sobre o que nos faz lembrar um do outro.

Além do senso crítico, do embasamento, da inteligência, o que a torna uma pessoa com quem gosto de conversar – nem que seja no intervalo de 10 minutos entre uma procrastinação e outra – é a sua ironia e o seu cinismo para com quem e para os temas que pedem esse teor que só ela tem. Talvez quem melhor descreveu seu fazer “estoriográfico” foi Antônio Biá, em Narradores de Javé, que diz:

Uma coisa é o fato acontecido, outra coisa é o fato escrito. O fato acontecido tem de ser melhorado no escrito de forma melhor para que o povo crêia no acontecido.

Para isso ela lança mão do exagero. Onde havia um cochichado no ouvido, ela coloca um grito que foi escutado por todo o bar. Onde há 1 indivíduo, ela coloca a população da China. Assim, nesse nível. Mas ela não inventa. É fidedigna aos fatos (aumentado).
Não, eu não julgo quem aumenta, ou quem inventa um pouco. Para mim todo mundo é um pouco literato, cronista, Gabo, Machado ou jornalista de jornais vendidos a 25 centavos, principalmente aquelas pessoas que são mestres na Escola da Fofoca e foram orientados pelas vizinhas que se aglomeram nas calçadas, todas com um pano de prato no ombro, um avental sendo desamarrado ou uma vassoura para se apoiar enquanto comentam sobre a filha de Fulaninha que foi “bulida” por Sicraninho (mas não comentam muito porque sempre há uma panela no fogo prestes a queimar).

Para mim toda conversa que se propaga é como a brincadeira do telefone sem fio e eu apoio e admiro quem tem esse dom de colocar um “nome feio” ou mudar toda a frase no meio da brincadeira. Mas na “vera” eu não posso ser o alvo das maledicências, pois daí eu condeno esse povo que fala demais.

Esse blog não será de fofoca. Será de que mesmo, Jana? De tudo mesmo? Aceitei o convite com muita honra. Daí lembro que tenho outro acordo com outra amiga, que se parece muita com essa minha companheira de blog, que também é de criar um blog para escrevermos sobre nosso gosto trash. Espero que esse Balaio me motive a cumpre com minha palavra com a amiga Parga. Espero também que nos motivo a concluir outro Balaio de Gatos, que desde 2006 (?) está ali miando para ganhar as telas.

Eu sou preguiçoso para escrever e ler, não foi à toa que atrasei a entrega da minha dissertação e, pior, demorei a escrever meu primeiro post no Balaio de Gatxs. Devido a esse problema, adoro copiar e colar outros escritos meus, de outros blogs abandonados por preguiça. Mas creio que estou melhorando. Hoje é o décimo dia que tomo staphysagria (tive que digitar no Google porque não decorei como escreve e imagine pronunciar... errei na primeira vez que fui pronunciar para fazer o orçamento e hoje errei várias vezes – sempre digo ou leio “várias vezes” com a voz da Vanessão na minha mente – no retorno à homeopata) e hoje disse à homeopata que acho que estou mais concentrado e obstinado a concluir projetos, inclusive terminei a leitura de alguns livros e iniciei outras. Acho que escrever esse post me faz acreditar que ter pagado caro em remédio homeopático valeu à pena, mas isso eu não falei a ela. Mas preciso de gotas para manter o foco nesses projetos, principalmente nos parágrafos escritos e não mudar muito de assunto. Sempre quis escrever como realmente as palavras aparecem na cabeça quando estou deitado para dormir, ou quando venho no ônibus olhando a paisagem urbana, ou rural, e contemplando meu reflexo na janela, chovendo, as luzes dos faróis ajudam a dar o tom na água que escorre pelo vidro... é tão poético. E sobre o copiar e colar, inclusive, a frase anterior foi copiado de um post do meu Fotolog, o qual não tenho mais a senha.

Espero que esse balaio renda muito miado e muído. E parafraseando a decadente Danuza Leão (nossas referências serão amplas), este blog servirá para afastar meus fantasmas e me dar leveza. Que comece a mística rs

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. No início da nossa amizade, lembro de uma passagem do livro "O Lobo do Mar", de Jack London, Sedova o leu primeiro; descreveu para mim uma cena de conflito entre as personagens. Semanas mais tarde, quando o devorei, percebi que não existia a tal narração: mas, existia sim, uma releitura singular, uma readaptação extraordinária de cena descrita e transmitida do seu jeito de contar histórias. Essa é a maneira pela qual ela faz com que as pessoas se apaixonem por ela, tenha saudade da sua presença, do seu sorriso, das suas fofocas, das suas narrações e das suas chatices. Desde então não larguei mais as aventuras de London e as narrativas de Sedova.

    ResponderExcluir